“Falsas” são as intenções do Governo em relação ao pastoreio, responde o PS

O PS-Madeira critica a incompetência e o autêntico desnorte em que anda o Governo Regional em matéria de gestão florestal e de prevenção de incêndios, realidade que tem vindo, em vão, a tentar esconder com posições contraditórias sobre o pastoreio.

Depois de os socialistas terem voltado a defender o regresso do gado às serras de forma controlada e orientada, como forma de prevenir incêndios e garantir a segurança das populações, conciliando a proteção do ambiente com a preservação da atividade pastorícia, a Secretaria de Agricultura, Pescas e Ambiente veio hoje considerar esta solução como uma “falsa questão” e uma medida eleitoralista, o que, de si já mostra a má-fé e a hipocrisia do Governo nesta matéria.

Paulo Cafôfo lembra que esta proposta já foi apresentada pelo PS várias vezes na Assembleia Legislativa da Madeira, a qual mereceu sempre o chumbo do PSD e do CDS, recusando, por isso, as acusações de oportunismo político. “O PS tem tido sempre uma posição coerente nesta matéria, comprometido, acima de tudo, com a prevenção de incêndios, a segurança das populações e a preservação da pastorícia, enquanto atividade tradicional. Eleitoralismo e oportunismo político têm aqueles que vão fazer campanha ao lado dos pastores e, depois de eleitos, votam contra essas propostas”, dispara o líder dos socialistas madeirenses, numa clara referência ao CDS, que traiu os pastores e se juntou ao PSD.

Por outro lado, o presidente do PS-M expõe as contradições da Secretaria do Ambiente. “Hoje, vêm dizer que «colocar gado nas serras, sem uma monitorização rigorosa e constante, não resolve o problema dos incêndios e pode até agravar outras vulnerabilidades ambientais», quando, há apenas uma semana, numa iniciativa referente a uma intervenção no ovil dos criadores de gado das serras do Poiso, o Instituto das Florestas e Conservação da Natureza afirmou que esta solução ajuda a “controlar espécies vegetais invasoras, reduzindo a carga de combustível, contribuindo para a prevenção de incêndios florestais num esforço que beneficia também os espaços de lazer, que permanecem mais acessíveis e livres de vegetação indesejada”.

Para Paulo Cafôfo, este ziguezaguear constante só mostra a falta de estratégia e a negligência do Governo Regional em relação ao setor. “Colocar gado nas serras, sem uma monitorização rigorosa e constante, que pode agravar outras vulnerabilidades ambientais é o que estão a fazer nas serras do Poiso, onde qualquer pessoa que circule nas estradas pode encontrar animais sem acompanhamento e sem qualquer orientação”, afirma o presidente dos socialistas, esclarecendo que o pastoreio dirigido, defendido e fundamentado nas propostas do PS, tem objetivos claros, carece de pastores habilitados, com formação providenciada pelo Governo Regional para se enquadrar nas metas do projeto. A solução preconizada pelo PS recorre à espécie animal mais adequada, de acordo com o recurso alimentar disponível, as caraterísticas do terreno e os objetivos a que se destina, acrescenta, reforçando que o pastoreio pode ser um importante instrumento de ordenamento do território e de prevenção de incêndios.

Outra prova das contradições do Governo Regional reside, precisamente, no facto de o próprio Plano Regional de Ordenamento Florestal da Madeira indicar que “a atividade silvícola poderá beneficiar do controlo do desenvolvimento da vegetação de caráter invasor e da redução da quantidade de materiais finos” e que “o recurso a núcleos de pequenos ruminantes em faixas de gestão de combustível poderá constituir um instrumento a utilizar na diminuição do risco de propagação de incêndios”, podendo, assim, “recorrer-se a rebanhos com encabeçamento adequado e acompanhados, de forma a permitir uma rotatividade e transumância que satisfaça os requisitos ambientais de preservação do espaço florestal”.

Acresce a tudo isto o facto de o próprio presidente do Governo Regional, em outubro de 2023, ter vindo a público admitir o falhanço no controlo das invasoras e a inviabilidade económica da constante limpeza mecânica da floresta e que o pastoreio de gado organizado nas serras da Madeira poderá ser a melhor forma de minimizar os impactos de incêndios florestais. Na ocasião, Miguel Albuquerque reconheceu que, de forma organizada – em áreas delimitadas –, a presença de pastoreio junta o útil ao agradável, numa simbiose de custo/benefício, admitindo que viessem a ser expandidas as áreas destinadas ao pastoreio como forma de também contribuir para minimizar impactos em caso de fogo.

Esta posição é o “assumir do falhanço da gestão florestal e a incapacidade técnica para implementar o pastoreio dirigido na Madeira”, remata Paulo Cafôfo.

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