Todos contam!

Em democracia, os políticos servem os eleitores. Por isso, as suas ideologias são relevantes.

Quando fazem as suas escolhas, os eleitores revelam as suas preferências políticas e ideológicas em virtude da sua experiência e condições de vida, da perceção pessoal, da educação, do meio social onde vivem e trabalham.

Por exemplo, uma pessoa que estude economia ou gestão e que depois venha a trabalhar numa multinacional ou num banco, pensa e vota de um modo diferente de uma pessoa que estude ciências sociais e que depois dê aulas ou siga uma carreira académica. Uma pessoa que abre uma empresa, uma loja ou um restaurante olha para a economia de um modo diferente de um funcionário público. Um agricultor, ou uma pessoa que viva do rendimento que a terra dá, tem certamente outra visão e interpretação da atividade ou dos factos políticos, em virtude de ter provavelmente uma vida dura de trabalho e de sacrifício. Todos estes percursos são legítimos, cada qual com o seu devido lugar na sociedade, e são resultado de vivermos numa sociedade pluralista. Este pluralismo social manifesta-se politicamente no voto em partidos que defendem estratégias e prioridades distintas com as quais os eleitores mais se identificam e que melhor protegem os seus interesses, o que também é inteiramente legítimo.

Ultimamente, em termos políticos, a sociedade portuguesa é cada vez mais semelhante às outras sociedades europeias. À semelhança de outras geografias europeias, a Madeira não escapou ao aparecimento de forças políticas populistas e extremistas, com partidos que assumem temas e bandeiras de atuação que chocam o eleitor, causam confusão, contribuem para a desinformação e para semear a discórdia entre os diferentes setores da sociedade.

Na semana em que se assinalam os 50 anos da sua fundação, o Partido Social Democrata continua a assumir o seu papel enquanto partido nascido e forjado na plenitude da liberdade e da democracia portuguesa. Na Madeira, a história da autonomia e a história do PSD caminham lado a lado; por isso é com preocupação que assisto às tentativas vorazes de alguns políticos que pretendem acabar com este legado histórico, pois a luta pela autonomia e pelo bem da nossa terra devem ser maiores do que todo e qualquer pensamento ou gesto egocêntrico.

Cresci a ver e ouvir um líder que fazia discursos ao domingo no adro da igreja; lembro-me da dinâmica e do voluntarismo de muitos jovens que participavam e colaboravam na colocação de cartazes nos postes de eletricidade, a alegria de ver o carro do PPD que trazia material de campanha e trazia a música e a propaganda consigo. Em casa, ouvia que o PPD do saudoso Sá Carneiro e do Alberto João era o partido que defendia a Madeira e os Madeirenses; e continuo a acreditar verdadeiramente nas causas que este partido representa, porque a social-democracia contribuiu de forma real para a melhoria da qualidade de vida de todos, sem exceção.

Mas acima de tudo, apesar de todo este momento político conturbado que vivemos, de forma particularmente intensa desde janeiro de 2024, há que exigir de todos, mas de todos (sem qualquer tipo de exceção) responsabilidade!

Se dúvidas existem, olhemos para o ideário social-democrata. Ele não se compadece de egocentrismo nem de lutas estéreis, porque o PSD carrega em si um conjunto de valores inabaláveis. Somos um partido personalista, para o qual o início e o fim da política reside na pessoa humana; somos e devemos ser um partido com valores e princípios claros, permeável à criatividade e à imaginação, aberto à inovação e à mudança. Um partido que, sendo social-democrata, valoriza o liberalismo político e a livre iniciativa, numa economia aberta de mercado. Somos e devemos ser um partido dialogante, aberto à pluralidade de opiniões e à sociedade civil, defensor da moderação e da convivência pacífica entre homens e mulheres de credos e raças diferentes, herdeiro da tradição universalista portuguesa que é estruturalmente avessa a qualquer tipo de xenofobia. Somos um partido empenhado na construção europeia, defensor da identidade nacional e das autonomias.

Valorizamos o humanismo, bem como os grandes princípios da justiça, da liberdade e da solidariedade; somos um partido interclassista, que representa toda a população, empenhado na obtenção do bem comum e do progresso coletivo.

Devemos continuar a ser um partido que não tem nem pode ter vergonha do seu legado e da sua história. Devemos enfrentar os desafios de cabeça erguida, sem medos, e não serão as linhas umbilicais de alguns que serem ser alguma coisa só porque sim e porque dizem que estão preparados, que nos vão demover do nosso foco que é continuar a defender a Madeira.

O tempo político que vivemos pede a todos os social-democratas que honrem a história da Madeira, e que não seja desbaratado o futuro das novas gerações.

Acima de tudo, e antes de tudo, todos, mas todos contam!

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