Um passado que inspira, um futuro que constrói

Amanhã, dia 28 de janeiro, Lisboa acolhe o Fórum Económico Portugal-Cabo Verde, uma iniciativa organizada pela AICEP que reforça os laços históricos e económicos entre as duas nações. O evento, dedicado ao aprofundamento das relações empresariais, centra-se em áreas estratégicas como o turismo, a economia azul, a economia digital e as energias renováveis, setores que refletem as prioridades do Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável (PEDS II) de Cabo Verde.

Cabo Verde, disponibiliza um conjunto atrativo de incentivos fiscais que visam fomentar o empreendedorismo, captar capitais e impulsionar o desenvolvimento económico sustentável. Entre as medidas destacam-se deduções significativas à coleta para projetos de grande envergadura, isenções de impostos em operações de financiamento e benefícios para empresas tecnológicas e startups, incluindo a aplicação de taxas reduzidas de impostos sobre o rendimento nos primeiros anos de atividade.

Paralelamente, a recente posse de Donald Trump veio agitar as dinâmicas económicas e políticas internacionais. Algumas das primeiras decisões da sua administração, como a retirada do Acordo de Paris, levantam preocupações sobre o impacto global em setores estratégicos, nomeadamente nas energias renováveis e no combate às alterações climáticas. Esta imprevisibilidade deverá ser mais um mote para centrarmos esforços no que é efetivamente previsível e que está ao nosso alcance, de que é exemplo este fórum. Este cenário reforça a importância de parcerias económicas sólidas e de uma visão estratégica conjunta entre países que partilham objetivos de desenvolvimento sustentável.

Portugal, enquanto charneira entre a Europa e o Atlântico, e Cabo Verde, um país que se posiciona cada vez mais como modelo de resiliência e inovação, têm a oportunidade de fortalecer as suas relações e criar sinergias em áreas de mútuo interesse.

Embora o mundo esteja a atravessar um período de incerteza, a aposta em setores como a economia azul e as energias renováveis revela-se não apenas necessária, mas urgente. Cabo Verde, com os seus incentivos fiscais e políticas orientadas para o futuro, surge como um exemplo de como pequenos estados podem atrair investimento e promover o crescimento sustentável. Já Portugal, ao alavancar o seu papel como parceiro estratégico, tem a oportunidade de consolidar laços que beneficiarão ambos a longo prazo.

Porém, há algo mais profundo neste encontro. Simboliza a aliança entre Portugal e Cabo Verde, que não se limita ao comércio ou à economia. É a expressão de uma história partilhada e de uma vontade conjunta de construir um amanhã mais justo e próspero. Esta parceria reflete-se em cada palavra, em cada projeto, como se os laços que unem estes dois povos fossem traçados não apenas no passado, mas também nos horizontes ainda por alcançar.

Se o ambiente global continua a ser moldado por decisões controversas e mudanças repentinas, é através de iniciativas como o Fórum Económico que se reafirma o valor do diálogo e da cooperação. Unidos por uma história comum e por uma visão partilhada de progresso, Portugal e Cabo Verde mostram que, mesmo em tempos de marés incertas, é possível navegar em direção a um futuro mais próspero e sustentável.

Este congresso é um convite para pensar o futuro; diria até que o futuro começou “ontem”. Porque, tal como o Atlântico que une Portugal e Cabo Verde, o verdadeiro potencial encontra-se naquilo que permanece por descobrir.

Susana Gramilho escreve à segunda-feira, de 4 em 4 semanas.

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