Sobrevivente de Auschwitz condena “enorme aumento” do antissemitismo no mundo

O sobrevivente de Auschwitz Marian Turski condenou hoje, no 80º aniversário da libertação do campo de concentração nazi, o “enorme aumento” do antissemitismo e apelou à coragem para enfrentar os negacionistas do Holocausto e as teorias da conspiração.

“Hoje, assistimos a um enorme aumento do antissemitismo e, no entanto, foi precisamente o antissemitismo que conduziu ao Holocausto”, afirmou Turski, judeu polaco de 98 anos, perante 2.500 pessoas e 50 chefes de Estado, numa cerimónia realizada junto ao portão do campo de concentração Auschwitz-Birkenau, na Polónia.

O mundo comemora hoje o 80º aniversário da libertação de Auschwitz-Birkenau, que se celebra com cerimónias neste antigo campo de concentração nazi na Polónia, marcadas pela presença de cerca de 50 sobreviventes.

Primeiro dos quatro sobreviventes de Auschwitz a ocupar o centro do palco na comemoração da libertação do campo de concentração, Turski sublinhou no seu discurso a “experiência positiva” da França e da Alemanha, duas partes outrora em conflito, mas que “chegaram à conclusão de que existe outra forma, o compromisso, de garantir uma vida segura para os seus filhos, netos e gerações futuras”.

“Não tenhamos medo de nos convencermos de que podemos resolver problemas entre vizinhos, porque durante séculos, em muitos continentes, muitas nações e muitos povos e muitos grupos étnicos tiveram as suas casas uns ao lado dos outros”, disse Turski, membro do Conselho Internacional de Auschwitz.

Turski alertou ainda para o perigo do “ódio e o incitamento ao ódio”, que podem levar a “conflitos armados” e ao “derramamento de sangue”.

O jornalista polaco de 98 anos foi deportado para Auschwitz em agosto de 1944, sobrevivendo até à chegada dos soldados aliados em 27 de janeiro de 1945.

No seu discurso, que terminou com uma ovação de pé, Turski alertou também para as teorias da conspiração que culpam grupos sociais, como os judeus, pelos males do mundo, e que contribuíram no passado para o Holocausto.

Outra sobrevivente, Janina IwaÅ„ska, nascida em 1930, exortou a Europa a “não se deixar levar por loucuras” como as que ocorreram na Segunda Guerra Mundial.

“Não devemos perder de vista o facto de que este tipo de caos pode acontecer em qualquer lugar”, alertou a sobrevivente.

Tova Friedman, de 86 anos, salientou ser necessário não “perder de vista que um caos destes pode acontecer em qualquer lugar”.

De acordo com os organizadores, a cerimónia centrou-se nos discurso de quatro dos sobreviventes: Marian Turski, Tova Friedman, Leon Weintraub e Janina Iwanska.

Na manhã de hoje, os sobreviventes, acompanhados pelo Presidente polaco, Andrzej Duda, depositaram flores em frente ao Muro da Morte do campo, onde vários prisioneiros foram fuzilados durante a Segunda Guerra Mundial.

Assinalado desde 2005, o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto visa recordar o genocídio em massa de milhões de judeus pelos nazis alemães, um dos maiores crimes contra a Humanidade, sensibilizando para a tolerância e a paz.

Este ano, a celebração assenta na educação para a dignidade e os direitos humanos, quando se assinalam 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial e do Holocausto.

Para assinalar a data, António Costa, presidente do Conselho Europeu, participa hoje, na Polónia, na cerimónia de 80.º aniversário da libertação do campo de concentração Auschwitz-Birkenau.

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