O braço armado do movimento islamita palestiniano Hamas, as Brigadas al-Qasam, assim como a ‘jihad’ islâmica, exigiram hoje a Israel a interrupção dos bombardeamentos em Gaza, quando se prepara para iniciar a libertação de reféns.
Segundo o porta-voz do braço militar da Jihad Islâmica, conhecido pelo nome de guerra de Abu Hamza, os bombardeamentos constantes de Israel nas últimas horas estão a pôr em perigo a vida dos reféns.
“Estes ataques levam-nos por dois caminhos: ou as famílias dos prisioneiros sionistas recebem os seus filhos em casa, ou os recebem em caixões”, disse, citado pela agência Europa Press.
“A escolha está apenas nas mãos do Exército sionista”, avisou, numa publicação na plataforma de mensagens Telegram.
O cessar-fogo em Gaza e a libertação dos reféns deverá entrar em vigor no domingo, um dia depois de ter sido aprovado por Israel e de 15 meses de uma guerra devastadora que provocou dezenas de milhares de mortos.
Entretanto, soaram sirenes de alerta em Jerusalém, onde foram ouvidas explosões, e no centro de Israel, depois de um projétil ter sido disparado, segundo o Exército israelita, a partir do Iémen, onde os rebeldes Houthi dizem estar a lançar ataques contra o território israelita “em solidariedade” com os palestinianos.
O cessar-fogo na Faixa de Gaza terá início no domingo às 08:30 hora locais (06:30 em Lisboa), anunciou o Qatar, um dos mediadores internacionais, juntamente com o Egito e os Estados Unidos, que conseguiu obter este acordo após mais de um ano de laboriosas negociações.
A primeira fase, repartida por seis semanas, prevê a cessação das hostilidades e a libertação de 33 reféns detidos em Gaza em troca de 737 prisioneiros palestinianos detidos por Israel.
Anunciado na quarta-feira pelos mediadores, o acordo visa, segundo o primeiro-ministro do Qatar, Mohammed ben Abdelrahmane Al-Thani, conduzir a prazo a “um fim definitivo da guerra”, desencadeada por um ataque sem precedentes do Hamas palestiniano contra Israel em 07 de outubro de 2023, durante o qual os reféns foram raptados.
Mas enquanto se aguarda o início da trégua, na véspera da tomada de posse, na segunda-feira, do Presidente eleito americano, Donald Trump, o Exército israelita prosseguiu os ataques na Faixa de Gaza, que mataram mais de 100 pessoas desde quarta-feira, segundo os serviços de emergência.
O Governo israelita aprovou o acordo hoje antes do amanhecer, depois de o Hamas, considerado uma organização terrorista por Israel, pelos Estados Unidos e pela União Europeia, ter feito o mesmo.
Os reféns serão libertados no domingo, anunciou o Governo israelita, sem especificar o seu número. Três pontos de receção foram instalados na fronteira sul de Israel com Gaza, de onde os prisioneiros, assistidos por médicos, serão levados para hospitais, informou um responsável militar.