Venezuela: Redução do pessoal diplomático dos Países Baixos, França e Itália devido a “conduta hostil”

Nicolás Maduro tomou posse na passada sexta-feira em Caracas para um terceiro mandato presidencial consecutivo de seis anos, num contexto marcado por acusações de fraude eleitoral.

O Governo da Venezuela anunciou hoje que vai reduzir o número de diplomatas franceses, neerlandeses e italianos autorizados a permanecer em Caracas devido à sua “conduta hostil”, poucos dias após a tomada de posse do Presidente Nicolás Maduro.

As respetivas representações diplomáticas dos três países europeus, todos membros da União Europeia (UE), ficarão reduzidas a três diplomatas acreditados.

“Em resposta à conduta hostil dos Governos do Reino dos Países Baixos, França e Itália, caracterizada pelo seu apoio a grupos extremistas e pela sua interferência nos assuntos internos” do país, a Venezuela decidiu “limitar a três o número de diplomatas acreditados em cada embaixada”, anunciou o Ministério dos Negócios Estrangeiros num comunicado.

“A medida deve ser cumprida no prazo de 48 horas”, acrescentou o comunicado da diplomacia venezuelana.

Nicolás Maduro tomou posse na passada sexta-feira em Caracas para um terceiro mandato presidencial consecutivo de seis anos, num contexto marcado por acusações de fraude eleitoral, pelo descontentamento popular e por fortes críticas da comunidade internacional e da oposição.

Para além desta limitação, as autoridades venezuelanas avançaram que “os diplomatas devem ter uma autorização escrita para se deslocarem mais de 40 quilómetros da Praça Bolívar em Caracas”, situada no centro da capital venezuelana.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Venezuela, Yval Gil, afirmou ainda que Caracas “exige o respeito pela soberania e autodeterminação” do país, princípios estes “estabelecidos na Carta das Nações Unidas, especialmente dos que estão subordinados às diretivas de Washington”.

A declaração do ministro venezuelano surge depois de o ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Antonio Tajani, ter afirmado que “as ações repressivas e ilegítimas” do Governo venezuelano não podiam ser toleradas, na sequência da breve detenção da líder da oposição da Venezuela, María Corina Machado, na véspera da tomada de posse de Maduro.

O ministro dos Negócios Estrangeiros dos Países Baixos, Caspar Veldkamp, manifestou igualmente o seu apoio a María Corina Machado durante as manifestações contra a tomada de posse de Maduro, defendendo que “o direito de reunião de forma pacífica deve ser respeitado”.

Também o Presidente francês, Emmanuel Macron, manifestou num telefonema com o seu homólogo brasileiro, Inácio Lula da Silva, o seu apoio ao povo venezuelano e apelou a Maduro para que retome o diálogo com a oposição e que permita o “regresso da democracia e da estabilidade ao país”.

Em 28 de julho de 2024, a Venezuela realizou eleições presidenciais, cuja vitória foi atribuída pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) a Nicolás Maduro com pouco mais de 51% dos votos, resultado contestado pela oposição que afirma que o seu candidato Edmundo González Urrutia, que entretanto pediu asilo político em Espanha, obteve cerca de 70% dos votos.

Tanto a oposição venezuelana como vários países da comunidade internacional denunciaram o escrutínio como fraudulento e exigiram a apresentação dos registos de votação para que pudessem ser verificados de forma independente.

Os resultados eleitorais foram contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo, segundo as autoridades, de mais de 2.400 detenções, 27 mortos e 192 feridos.

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