Perto do Dia de Santo Amaro, já podemos começar a falar em varrer os armários.
“Limpar” o que ficou da festa e partilhá-lo com os amigos e família, em mais um convívio, é a tradição deste dia para, finalmente, marcar o término da época natalícia.
Ou seja, supostamente, pós Santo Amaro, não há mais guloseimas e iguarias nos armários, pois presumivelmente, foi tudo “limpo”. Será?
Apesar de isto do varrer os armários, ser uma analogia para mais um dia de convívio e tradição, será que não deveríamos mesmo fazer uma limpeza à nossa cozinha? E será que não deveríamos ter cuidado com aquilo que temos na nossa despensa? Se calhar, com este novo ano que começou, não deveríamos começar a pensar em olhar para o que adquirimos para comer, com mais atenção?
Os custos da alimentação, uma vez mais, aumentam de uma forma generalizada e continuamos, muitas vezes, a não valorizar o que é mais importante ter nos nossos armários. Planificar e escolher, com atenção, o que devemos ter em casa para suportar a nossa alimentação, é sem dúvida, como todos sabemos, uma necessidade básica, logo prioritária.
Quantos de nós ainda deixamos comida estragar-se ou passar o prazo de validade? Quantos de nós compramos o mais apetecível ou o que os miúdos pedem porque, coitadinhos, merecem, e não investimos em comprar o que é mais nutritivo e que realmente alimenta? Quantos de nós tem, nos armários, o recanto das bolachas, das batatas fritas e dos chocolates, porque é preciso para a “hora do lobo” ou se vier uma visita a casa? Quantos de nós, efetivamente, planificamos as nossas refeições, lanches e snacks para a semana? Ou seja, quantos de nós, olham com olhos de ver, para os armários da cozinha em casa?
É fundamental fazermos este exercício… o de perceber como poupar e ainda assim ter uma despensa nutritiva que nos alimente de verdade!
A gestão do orçamento alimentar é desafiante, quando o custo dos alimentos básicos e saudáveis aumenta! Mas alerto: resolve ou ajuda se juntar ao meu carrinho de compras, algo que não me nutre? Será esse um bom investimento?
É verdade que tudo está mais caro, mas se está mais caro, que sentido tem comprar pacotes de bolachas, garrafas de sumo, batatas fritas e gomas e depois nos queixarmos que não temos crédito para comprar pão, um pacote de arroz, feijão, legumes ou ovos.
Além da questão económica, não podemos descurar também a nossa saúde. De vez em quando adquirir para o momento uma guloseima, não é o problema. A questão coloca-se quando essa mesma guloseima é um elemento permanente e efetivo nos nossos armários!
Quantas vezes, em consulta, falamos nas crianças, no gosto que têm pelos doces e chocolates e no facto de não quererem fruta e sim batatas fritas para o lanche! Bem, vamos a ver! Quem são os responsáveis por ir às compras e encher os armários? Quem são os responsáveis por gerir a lista de compras? Quem, desde a primeira infância, ensina, por imitação, estas crianças a comer? De quem é a responsabilidade? Não será a responsabilidade de bem nutrir uma questão familiar?
Toda a família tem o dever de varrer e voltar a encher os armários, de forma mais nutritiva, pensada e organizada!
Como estratégia, quem tem filhos, poderá incluí-los na planificação. Primeiro definir refeições principais, depois lanches e só no fim a guloseima para o fim de semana! É importante criar regras. Deixem que a criança defina uma regra para os adultos assim como, depois, os adultos definem uma regra para a criança!
Mesmo começando devagar, podemos varrer os nossos armários do que não interessa lá estar, melhorar o orçamento familiar e mais do que isso, promover a nossa saúde, reforçar o sistema imunitário e diminuir a incidência de doença!
Que seja um ano de 2025 de mais abundância, amor, energia e claro saúde!
Carina Teixeira escreve à segunda-feira, de 4 em 4 semanas.