O Governo Regional, liderado por Miguel Albuquerque, “continua a demonstrar que vive desconectado das reais necessidades do povo madeirense”. As palavras são de Miguel Pita, do ADN, e surgem na sequência da recente decisão de construir uma ponte pedonal suspensa na Ponta do Pargo, que considera ser “mais um exemplo das prioridades invertidas que têm caraterizado esta governação”.
“Num momento em que os madeirenses enfrentam enormes dificuldades — com salários baixos, serviços públicos em decadência e jovens a abandonar a ilha em busca de um futuro melhor —, o governo decide gastar 1,6 milhões de euros numa obra que em nada resolve os problemas estruturais da Madeira. O pretexto do turismo é, mais uma vez, utilizado como desculpa para beneficiar as elites e perpetuar um modelo económico que explora muitos para enriquecer poucos”, refere o partido em nota de imprensa.
Assim, o ADN questiona: “de que vale investir no turismo se, ao mesmo tempo, o governo ignora por completo os trabalhadores deste sector?” “É inadmissível que um dos pilares da economia regional continue a assentarem salários de miséria e condições de trabalho precárias. Não basta atrair turistas; é preciso garantir que o desenvolvimento económico se reflita na qualidade de vida de quem vive e trabalha na Madeira”, acrescenta
O ADN lamenta que o governo pareça “obstinado em transformar a Madeira numa montra artificial, destruindo aquilo que a torna verdadeiramente única: as suas belezas naturais”. “A Ponta do Pargo é um local emblemático, conhecido pelas suas paisagens deslumbrantes e pelo seu ambiente tranquilo. Em vez de proteger e valorizar este património de forma sustentável, o executivo prefere encher a região de infraestruturas desnecessárias que descaracterizam o território e beneficiam exclusivamente quem está no círculo privilegiado do poder.”
O partido menciona, na mesma nota, o campo de golfe planeado para aquela mesma freguesia, afirmando que parece que o governo “quer repetir com o golfe o erro que já cometeu como futebol: um campo em cada esquina, mesmo que isso não tenha qualquer sentido estratégico nem retorno significativo para a população.”
Em vez de promover atividades acessíveis e integradas, aposta-se em projetos megalómanos que apenas servem para enriquecer construtoras e alimentar a propaganda governativa.
O ADN-Madeira condena veementemente este tipo de decisões, que demonstram “um total desrespeito pelo dinheiro público e pela opinião dos madeirenses”, e aponta que “um governo que investe milhões em obras supérfluas, enquanto ignora as necessidades básicas da população, não está a governar para o povo. Está, sim, a governar para as elites, perpetuando um modelo de desenvolvimento desigual e insustentável.”
“É tempo de exigir responsabilidade, transparência e prioridades claras. A Madeira não precisa de mais obras de fachada. Precisa de um governo que proteja o seu património, que valorize os seus trabalhadores e que coloque as pessoas no centro das políticas públicas”, conclui o ADN, questionando por fim se esta ponte servirá apenas como um adereço turístico ou terá alguma utilidade concreta para a população local.