Andam fugidios, encostados às paredes, mas recusam-se a sair dos bastidores. Esquivam-se dos holofotes, mas mergulham como ninguém nas correntes de opinião do contra. Se a porta está fechada, dizem que deveria estar aberta. Se há dinheiro para isto, então devia ser gasto noutra coisa qualquer. São uma espécie de homens da reação, que criticam o sistema embora sejam parte permanente do tal problema que censuram em surdina.
Raramente há meio termo. É branco ou preto. Para os reacionistas, não há cá tonalidades de branco creme ou marfim. Nem podia haver quando quem avalia tem tendência para ter falta de vista.
Por isso é que liderar é tarefa difícil. E há muitos, na oposição, que começam a desacelerar quando se apercebem que estão a se aproximar de quem está na frente.
Mas para quem procura rebater as críticas, os dias que correm são cada vez mais desgastantes. Abundam falsidades salpicadas com meias verdades, construídas por teclistas que dão música a quem os quer ouvir. E são cada vez mais os que acreditam em tudo sem questionar nada. Leram ou ouviram alguma coisa e dão a cara pela (des)informação que surge sem assinatura.
Hoje, mais do que nunca, o Carnaval informativo dura todo o ano. O cortejo de trapalhadas repletas de estratégias do bota-abaixo está na moda. Mesmo que não seja verdade, o que passa é a força da demagogia.
A esta nível, a instabilidade política que vivemos funciona como uma acendalha. Tudo serve para capitalizar vontades em torno de um maior número de votos. E ninguém percebe que no meio é que está a virtude da verdade.
Por exemplo, se não há orçamento a Madeira fica ingovernável? Obviamente que não, porque há mecanismos que garantem a continuidade das políticas passadas. Mas os oposicionistas, que pugnam todo o ano por mudanças, também sabem que deixa de haver margem para atualizações ou novas políticas. O que querem é mudança, nem que seja necessário paralisar todos os setores para a conseguir.
Chegamos, portanto, ao contrassenso de, por um lado, quem estabeleceu as políticas atuais entender que há de menos, e, por outro, quem sempre criticou o atual caminho, assegurar que não há perigo se a Madeira continuar como está por mais seis meses ou um ano.
No meio estão as pessoas, cansadas de serem empurradas para os extremos. Muitos já acreditam pouco no que ouvem, como reflete o facto de os votos ditarem mais ou menos sempre os mesmos resultados. E também pouco ajuda o clima de constante guerrilha interna que tem dominado o quotidiano dos diferentes partidos.
No PSD-M, que passou por diretas em março, pede-se nova contagem de espingardas. No PS-M, Paulo Cafôfo avança sem receio para desafio idêntico. No Chega houve candidaturas internas para todos os gostos recentemente. E no JPP, a paz também está presa pelas peles, assim como na IL, que vê Nuno Morna se autoexcluir.
Clima de tensão que parece ser já a nova normalidade regional. E como acontece no Carnaval, já ninguém leva a mal. Mas devia.