A Terra da Verdade

Esta temática tão difícil de abordar é de certa forma aligeirada e bem, pelos aforismos populares. A ideia da ida para a terra da verdade, é um cartão de embarque para o desconhecido, no entanto como a vida é um exercício imaginativo, nada como propô-lo enquanto lugar de descanso eterno, local de renascimento, local onde os prazeres são tão correntes, e que o Bem vence e perdura, que não nos voltaremos a encontrar com o mal, nem com o tédio existencial.

A morte assim tão bem descrita, vem dar razão a Epitecto, “A morte por exemplo, nada é de temível…Mas no juízo que fazemos da morte considerando-a temível, é que reside o aspecto terrível da morte.” in Manual de Epitecto

Todos caminhamos para lá. É a beleza da jornada que verdadeiramente importa! E será tanto mais bela quando mais nos dermos, uma vida em verdade e virtude, sem medo de sonhar, sem medo de acreditar, sem medo de ser Feliz. “Viver cada momento como se fosse o único”, Manuel Correia de Jesus in “Para além do sonho”, é sem dúvida o caminho, sentir cada momento da jornada, e quando se proporcionar, “coma o morango quando ele aparecer. Não deixe para depois. O melhor momento para ser Feliz é agora. O futuro é uma ilusão que será sempre diferente do que imaginamos.” Roberto Shinyashiki in “O Sucesso é ser Feliz”.

Hoje em dia ao rejeitarmos a morte, condicionamos a vida à ilusão da sua inexistência. Na realidade é forçosa a dicotomia Vida- Morte, para a valorização da Vida enquanto exercício conhecido apesar de não menos misterioso que a morte, A.Camus diz-nos “Não há amor à vida sem desespero de Viver”.

A forma como encaramos a vida e aceitamos as suas vicissitudes, enquanto percurso continuo, é que nos vai definir.

Uns perdem -se numa luta inútil para manter uma juventude que já não lhes pertence mentalmente (já nem a sabem revisitar) e fisicamente fugiu-lhes das mãos nos excessos naturais de uma vida vivida! Julgam uma vida eternamente jovem, alimentados claro está por um marketing poderosíssimo, aliado ao interesse financeiro.

Outros perdem-se na luta contra a estatística, concretizando, nas causas da mortalidade, a aplicação de políticas que condicionam alteração deste padrão, não levam a que menos pessoas morram em absoluto, pois todos os que nascem morrem, e se não morrem de uma causa, morrerão de outra, pois se a análise é temporal ( e há redução concreta nesse período da mortalidade) o que tem de ser adereçado é a qualidade de vida nos nossos últimos anos neste plano ( e a redução da morbilidade e duração dos “últimos anos”).

Desenganem-se não há santo Graal neste plano, quer dizer existe, chama-se ciclo de vida, e a nós compete-nos aceitá-lo, fazer a melhor gestão das nossas vontades, para o concretizável.

Curioso que esta Belém Celeste, Paraíso, Jannah, encerram esta imagem mental de recompensa por um esforço vivencial em verdade e virtude (aqui reside uma das grandes mais-valias da religião, enquanto padrão norteador da acção humana, mas não único, nem exclusivo).

É para lá que caminhamos, levemos uma vida de Bem, e que a Terra da Verdade se apresente como a imaginamos.

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