Macron sob pressão da esquerda para nomear novo primeiro-ministro

O próximo chefe de Governo francês terá de elaborar um orçamento antes do outono, para que possa ser aprovado por um parlamento caracterizado por uma fragmentação sem precedentes em França.

Quase três meses após as eleições legislativas antecipadas em França, em que nenhuma força política obteve a maioria, o Presidente Emmanuel Macron está sob crescente pressão da esquerda para designar um novo primeiro-ministro.

A Nova Frente Popular (NFP), mais votada nas eleições, propôs a economista Lucie Castets, de 37 anos, como próxima primeira-ministra e tem pressionado o Presidente francês a tomar uma decisão sobre a formação do novo governo, sem sucesso.

No domingo, a força mais poderosa da NFP, o partido França Insubmissa (LFI na sigla em francês, da esquerda radical), acusou Macron, através de um anúncio publicado no A Tribuna de Domingo (La Tribune du Dimanche, em francês) e assinado por Jean-Luc Mélenchon, Mathilde Panot e Manuel Bompard, de um “golpe de Estado institucional” e ameaçou recorrer à Constituição francesa para o destituir.

Evidenciando a diferença de perspetivas dentro da própria coligação de esquerda, a candidata socialista Lucie Castets rejeitou na segunda-feira um eventual processo de destituição do Presidente, referindo que o seu objetivo é a coabitação.

“Existe uma emergência social e democrática no país atualmente”, afirmou Lucie Castets numa entrevista ao canal de televisão BFMTV, acrescentando que para si “o que é absolutamente urgente é implementar as políticas que o povo francês espera” e “fortalecer os serviços públicos”.

O próximo chefe de Governo francês terá de elaborar um orçamento antes do outono, para que possa ser aprovado por um parlamento caracterizado por uma fragmentação sem precedentes em França.

Anunciando a intenção de formar um novo governo com uma “maioria mais ampla e estável possível”, o chefe de Estado francês convocou os presidentes dos grupos parlamentares da Assembleia Nacional e do Senado para uma reunião na sexta-feira.

Com o fim da trégua olímpica devido à realização dos Jogos Olímpicos de Paris entre 26 de julho e 11 de agosto, o Presidente francês espera que, por uma questão de “responsabilidade”, os diferentes partidos franceses façam um esforço para pôr em prática o “desejo de mudança e de grande unidade” expresso nas urnas.

A presidência francesa já anunciou que a nomeação para o cargo de primeiro-ministro será feita após o fim destas consultas, embora não haja uma data específica para o anúncio da escolha de Macron, que terá de ser aprovada pela Assembleia Nacional.

Nas eleições legislativas antecipadas, os partidos aliados do partido presidencial Renascimento perderam a maioria na Assembleia Nacional, com a vitória da coligação de esquerda Nova Frente Popular (NFP) ao eleger 193 deputados a 07 de julho, sem obter a maioria absoluta de 289 lugares necessária para governar.

Em julho, Emmanuel Macron aceitou o pedido de demissão do primeiro-ministro, Gabriel Attal, que ficou até agora no cargo a gerir os assuntos correntes.

Em 13 agosto, o primeiro-ministro interino francês propôs à maioria dos grupos políticos da Assembleia Nacional “um pacto de ação para os franceses”, com vista a estabelecer “compromissos legislativos” no interesse comum, excluindo o partido de extrema-direita União Nacional (RN, sigla em francês) e a França Insubmissa (LFI).

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