Centenas de ‘niqabs’ foram confiscados às mulheres numa cidade do sul da Somália desde final de julho, informou hoje a polícia, alegando razões de segurança num país assolado por ataques de islamistas radicais como o Al-Shebab.
As autoridades do Estado de Jubaland, no sul do país do Corno de África, proibiram o uso do niqab (véu que cobre o pescoço e o rosto, exceto os olhos) na cidade portuária de Kismayo em 2021. No entanto, segundo as autoridades, a proibição não estava a ser aplicada.
“A polícia confiscou centenas de véus de mulheres que estavam a cobrir o rosto em violação de uma ordem de proibição”, disse à agência de notícias France-Press (AFP) o comissário da polícia de Kismayo, o coronel Warsame Ahmed.
A polícia, já tinha iniciado a operação em vários bairros de Kismayo, prosseguiu, a partir de 31 de julho, com instruções para aplicar multas.
“É por razões de segurança, porque receamos que (…) usem o véu para se disfarçarem de mulheres e efetuem ataques”, afirmou.
O Al-Shebab, afiliado da Al-Qaida, luta contra o Governo federal, apoiado pela comunidade internacional, desde 2007.
Expulsos das principais cidades do país em 2011-2012, continuam firmemente entrincheirados em vastas zonas rurais. Realizam regularmente ataques suicidas neste país pobre e instável do Corno de África, mesmo na capital Mogadíscio.
Na sexta-feira, 37 pessoas foram mortas num atentado suicida reivindicado pelo Al-Shebab, seguido de tiroteio numa praia popular da capital somali.
As autoridades governamentais sugeriram que o ataque foi realizado em retaliação pela morte de dezenas de combatentes em julho, em Jubaland, na sequência de um ataque a uma base militar.
Segundo Adan Salad, um agente da polícia de Kismayo, as autoridades estão agora a aplicar a proibição do uso do ‘niqab’ porque receiam que o grupo “tente vingar-se, atacando civis”.
Segundo testemunhas, a polícia deitou fogo aos véus confiscados em público. “A polícia deteve as mulheres que tinham o rosto coberto e retirou-lhes os véus”, disse Hasan Muse à AFP.
O ‘niqab’ foi igualmente proibido pelas autoridades nas cidades de Baidoa e Dolow, no sul do país, também por razões de segurança. A religião muçulmana é a esmagadora maioria no país, com mais de 98% de muçulmanos.