Hassan Nasrallah diz que Israel deve esperar “resposta inevitável”

O líder do Hezbollah libanês, Hassan Nasrallah, afirmou hoje que Israel deve esperar uma “resposta inevitável” do movimento xiita, na sequência do assassínio, terça-feira, do chefe militar da organização pró-iraniana, Fouad Shukr, perto de Beirute.

“O inimigo deve esperar de nós uma resposta incontornável”, declarou o líder do movimento pró-iraniano, que voltou a responsabilizar Israel pelo ataque contra o líder político do Hamas palestiniano.

“Israel não sabe quais são as linhas vermelhas que ultrapassou”, ao atacar Beirute e Teerão, declarou Nasrallah num discurso transmitido em direto pela televisão no funeral de Shukr.

Segundo Nasrallah, o conflito com Israel entrou numa “nova fase”, que, disse, “é diferente do período anterior”.

“Esperam que Ismail Haniyeh seja morto no Irão e que o Irão permaneça em silêncio?”, questionou, aludindo a Israel.

Dirigindo-se aos israelitas que celebraram os dois assassínios, disse: “Riam um pouco e vão chorar muito”.

Mas, como faz frequentemente, Nasrallah manteve os seus comentários vagos, prometendo retaliação sem dizer que forma esta assumiria.

“[Israel] terá de esperar pela ira do povo honrado da região”, afirmou.

No seu discurso, Nasrallah elogiou Shukr como um comandante veterano e negou que o Hezbollah tenha efetuado o ataque mortal no campo de futebol da cidade de Majdal Shams, maioritariamente drusa, nos montes Golã sírios ocupados por Israel.

“Temos a coragem de assumir a responsabilidade pelo local onde atacamos, mesmo que seja um erro. Se cometêssemos um erro, admitiríamos e pediríamos desculpa”, disse, acrescentando: “O inimigo fez-se juiz, júri e carrasco sem qualquer prova”.

O corpo do dirigente do Hezbollah Fuad Shukr foi encontrado quarta-feira nos escombros de um prédio atingido um dia antes por um ataque israelita nos subúrbios sul de Beirute, bastião do Hezbollah.

Na noite de terça-feira o Exército israelita tinha reivindicado a “eliminação” de Shukr, definido como “o mais alto responsável militar” da formação xiita libanesa que mantém relações próximas com o Irão.

Numa primeira reação, o chefe de estado-maior do Exército israelita, Herzi Halevi, congratulou-se pelo ataque em Beirute que matou Fuad Shukr, ao sublinhar que as forças israelitas têm capacidade para atacar pontos muito precisos e inclusivamente incursões no terreno.

“Tivemos a oportunidade de eliminar Muhsan”, disse o chefe militar numa referência a Shukr, no decurso de um treino de soldados israelitas perto da fronteira com o Líbano.

“Era uma figura militar de alta patente no Hezbollah, e também uma pessoa muito próxima [do líder da organização paramilitar xiita libanesa] de Hassan Nasrallah”, sublinhou.

Segundo o chefe militar israelita, Shukr foi responsável pelo ataque de sábado na povoação drusa de Majdal Shams, nos Montes Golã ocupados e anexados por Israel, que provocaram a morte de 12 crianças e adolescentes, apesar de o Hezbollah ter desmentido qualquer envolvimento.

“As Forças de Defesa de Israel sabem como operar e alcançar uma determinada janela num bairro de Beirute, sabem como apontar a um determinado ponto subterrâneo, e também sabemos atuar no interior com muita força”, disse ainda Halevi perante os soldados, que praticaram “cenários extremos”, como combates em bosques e montanhas, ativação de fogo e combates em zonas urbanizadas.

Foi a segunda vez que os subúrbios sul de Beirute foram atingidos por fogo israelita após o Hezbollah ter aberto uma frente contra Israel em 08 de outubro, em solidariedade com o Hamas palestiniano.

A 02 de janeiro, o ‘número dois’ do Hamas, Saleh al-Arouri, foi morto nesta zona xiita de Beirute num ataque atribuído a Israel.

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