Pelo menos 75 mortos nas manifestações no Bangladesh

Membros de associações estudantis na Índia solidários com reivindicações dos colegas do Bangladesh.

Grupos de manifestantes assaltaram hoje uma prisão no centro do Bangladesh e libertaram os detidos, no 19º dia de um movimento de contestação estudantil que se tornou num desafio ao poder e já provocou pelo menos 75 mortos.

O balanço, divulgado pela agência noticiosa AFP através de fontes hospitalares, testemunha a violência inédita dos distúrbios neste país asiático e muçulmano de 170 milhões de habitantes, assolado por um desemprego massivo entre os diplomados.

O alto-comissário da ONU para os direitos humanos, Volker Turk, condenou hoje a repressão a criticou os ataques “particularmente chocantes e inaceitáveis” contra os manifestantes estudantis.

“As manifestações são enormes e é talvez o mais sério desafio” enfrentado pela primeira-ministra Sheikh Hasina, no poder desde 2009, declarou à AFP Pierre Prakash, diretor do Crisis Group Asie sediado em Banguecoque.

As autoridades reagiram ao proibirem hoje “todas as concentrações, cortejos e reuniões públicas em Daca”, a capital, após na quinta-feira terem suprimido a internet e encerrado escolas e universidades no início da semana.

A polícia também anunciou a detenção de um dos principais opositores, Ruhul Kabir Rizvi Ahmed, dirigente do Partido Nacionalista do Bangladesh (BNP). “Está confrontado com centenas de processos”, assinalou à AFP Faruk Hossain, porta-voz da polícia em Daca.

Apesar das medidas repressivas, a contestação prossegue por todo o país, com os manifestantes a assaltarem uma prisão no distrito de Narsingdi (centro).

“Os detidos fugiram da prisão e os manifestantes incendiaram” o edifício, declarou à APF um oficial da polícia, que admitiu a fuga de “centenas” de prisioneiros.

As manifestações quase diárias iniciadas no início de julho destinam-se a obter o fim das quotas de admissão no funcionalismo público, com mais de metade reservadas a grupos específicos, em particular aos filhos dos veteranos da guerra de libertação do país contra o Paquistão em 1971 e que favorecem as elites próximas do poder.

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