O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse hoje que a Europa não conseguiu explicar aos “países amigos africanos” que a invasão da Ucrânia pela Rússia não é um problema europeu, mas sim global.
“Por vezes não percebemos o quão importante África é para a Europa, não só por ser o continente do futuro, mas também porque por vezes não percebemos o que se passava em África, em diferentes países e regiões. Estávamos tão consumidos com os problemas europeus que nos esquecemos do nosso vizinho mais próximo, África”, disse Marcelo de Rebelo de Sousa.
Intervindo no encerramento do Eurafrican Forum, com a participação do Presidente das Ilhas Maurícias, Prithvirajsing Roopun, o chefe de Estado português salientou que “durante demasiado tempo a Europa não conseguiu explicar aos amigos africanos que a guerra na Ucrânia não era uma guerra europeia, mas sim uma guerra global envolvendo poderes globais, e poderes regionais fortes”.
Exemplificando com a inflação e os preços do petróleo e do gás, que subiram no seguimento da invasão russa da Ucrânia, principalmente em África, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que “não é possível ter uma paz global sustentável sem o sul global e África estáveis”.
O Presidente das Ilhas Maurícias, Prithvirajsing Roopun, no Diálogo Presidencial que manteve com o seu homólogo português, defendeu que o continente africano não é apenas um, sendo composto por 54 países que “não são homogéneos nem podem ser colocados todos no mesmo cesto, porque cada um tem a sua cultura, a sua maneira de ver o mundo”.
Por isso, “a conexão não deve ser bilateral, mas sim continental, entre dois continentes que precisam de trabalhar juntos”, afirmou perante a audiência da sessão de encerramento do fórum que decorreu desde segunda-feira em Carcavelos, nos arredores de Lisboa.
Roopun mostrou-se interessado em aprofundar a cooperação com Portugal, nomeadamente na economia azul e nas energias renováveis, áreas que elencou, entre outras.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais, que também têm decretado sanções contra setores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra.
Já no terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas têm-se confrontado com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram entretanto a concretizar-se.