A importância da observação por satélites para a gestão de emergências e a monitorização ambiental foi hoje defendida, no Funchal, no âmbito d conferência ‘Observação da Terra para a Região da Madeira’, um evento promovido pela Ordem dos Engenheiros da RAM e pela Agência Espacial Portuguesa (AEP).
Segundo Carolina Sá, da AEP, “os satélites fornecem uma visão global e contínua do planeta”, permitindo a observação de grandes áreas de forma uniforme e rápida.
A investigadora destacou que “esta continuidade temporal é crucial para monitorar mudanças clim .áticas e outras operações a longo prazo”.
Referindo-se aos satélites Sentinel 1 e Sentinel 2, equipados com sensores ativos e ópticos, respetivamente, explicou que “estes dispositivos obtêm imagens de alta resolução essenciais para a monitorização ambiental, segurança e emergências, uma capacidade única comparada a outras plataformas”.
Destacou ainda o programa Copernicus da Comissão Europeia, que “oferece dados completos, livres e abertos, promovendo tanto a proteção do planeta como o desenvolvimento económico”.
Carolina Sá enfatizou que empresas podem utilizar esses dados para criar e vender serviços, evidenciando a relevância económica desta observação.
Por seu turno, Ana Sousa, da Agência Europeia do Ambiente (AEA), apresentou os serviços e produtos desenvolvidos para a monitorização ambiental, destacando a utilização de dados de satélite de alta resolução e informações científicas para coletar dados sobre uso do solo, qualidade da água, condições atmosféricas e vegetação.
Conforme explicou, os serviços como a PUCERA “produzem informações geográficas detalhadas sobre operações do solo e qualidade ambiental”. Sublinhou a importância da monitorização do ambiente para “produzir dados detalhados e precisos, atualizados regularmente para manter a relevância e precisão”. Estes dados são amplamente utilizados por governos, ONGs, cientistas e o público em geral.
O brigadeiro-general Duarte da Costa, da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), destacou a utilização do Copernicus para a gestão de emergências em Portugal.
Desde 2012, o sistema tem sido crucial, especialmente desde 2018, na recuperação de áreas afetadas por incêndios e na gestão de combustíveis. Sublinhou a capacidade do sistema de “prever cheias e simular cenários”, permitindo respostas adequadas e monitorização contínua dos recursos naturais e exemplificou com a crise sísmica na ilha de São Jorge, onde o sistema revelou “deslocamentos não visíveis a olho nu”, permitindo uma resposta rápida.
Duarte da Costa propõe promover uma mentalidade institucional aberta à inovação tecnológica, melhorando a precisão e eficiência das informações dos satélites.
Acredita que a tecnologia deve “contribuir em áreas como conectividade civil, monitorização ambiental, resposta rápida em emergências e formação contínua das instituições e profissionais”. A conferência sublinhou a importância dos dados de observação da Terra para a gestão ambiental e o desenvolvimento sustentável, com benefícios em vários setores e a necessidade de investimentos contínuos em tecnologias avançadas.