Foi inaugurada, esta manhã, a Casa de Colmo da Torre, localizada na Estrada Regional 222, nos Canhas. Sendo uma das poucas casas desta natureza ainda existe no concelho da Ponta do Sol, o espaço surge como um novo ponto de interesse no município onde decorrerão várias atividades tradicionais e mostras vivas.
Com entrada livre, a casa terá momentos com bordado, tecelagem e produção de calçado, à semelhança do que acontecia no passado nestas habitações.
Durante a cerimónia de inauguração, a presidente da Câmara Municipal da Ponta do Sol, Célia Pessegueiro, relevou o facto de o seu executivo ter “sempre em mente a salvaguarda” da história local e do património material.
“Neste caso específico deu-se a feliz coincidência de esse ser também o desejo da anterior proprietária, a quem aproveito para agradecer, publicamente, por durante todo o processo investir as suas memórias afetivas e que, generosamente, doou parte do espólio em exibição”, apontou a autarca, vincando que “o projeto passa também por preservar” alguma da memória cultural coletiva e dar a conhecer aos mais novos as atividades e ofícios que decorriam em casas com esta.
Nas palavras da autarca, esta casa-museu, que numa primeira fase funcionará de segunda a sexta-feira entre as 09:30 e as 16:30, constitui, “um polo turístico-cultural, em que além de se poder visitar uma habitação popular tradicional, equipada com mobiliário e vestuário da época, se realizam oficinas artesanais que incluem ações de formação em artes tradicionais”, disse.
Para Célia Pessegueiro, esta é “uma aposta clara na política de valorização do património local, na transmissão e preservação dessa memória cultural coletiva, do ‘saber-fazer’ tradicional, para que esse conhecimento se mantenha vivo e integrado” no património cultural imaterial.
De destacar ainda o facto de este novo sítio ser um local de promoção de produtos tradicionais do concelho e da região. Para contribuir para a dinamização desta valência, foi instalado uma pequena oficina de fabrico e exposição das tradicionais “botas chãs”, dinamizada pelo artesão Duarte Rocha, que é um dos poucos que continua a fazê-lo usando os métodos tradicionais e que, por esse motivo, fornece grupos de folclore e os carreiros do Monte, por exemplo.
A Casa de Colmo da Torre é uma construção que data dos finais do séc. XIX e é um exemplo singular e típico de uma casa tradicional com cobertura de palha. Além da preservação das técnicas de construção daquela altura, no processo de reabilitação foram recuperadas algumas peças de vestuário, bem como algumas peças de louça e mobiliário, que passaram a fazer parte do recheio em exposição.
De configuração retangular, o prédio é composto por uma edificação habitacional com 38 m2 com cobertura de palha (ou colmo), um terreiro de alvenaria de pedra seca basáltica e um interior revestido com argamassa, complementado por um espaço vivencial exterior de latada de vinha e jardim.
A casa possui apenas duas portas, situadas em duas das suas fachadas sem janelas. A cobertura, de quatro águas, é de restolho (palha), com armação em madeira, sendo a palha ocultada no seu interior por uma forra de cana-vieira.
O município da Ponta do Sol investiu quase 150 mil euros na compra e recuperação deste espaço, dos quais 60% foram apoiados por fundos europeus do LEADER (PRODERAM 2020) através da ADRAMA – Associação para o Desenvolvimento da Região Autónoma da Madeira.