Unidas, as Casas de Saúde Câmara Pestana, da Sagrada Família, e S. João de Deus reiteraram, hoje, o apelo aos deputados, à governação da Madeira, à Diocese e à população para a resolução da ingovernabilidade que persiste no arquipélago, situação a qual colocará em causa o financiamento e, por sua vez, funcionamento destas entidades, que tratam mais de 800 utentes.
É a crise política e o presumível chumbo do orçamento regional para o corrente ano que assusta estas prestadoras de cuidados na área da psiquiatra, uma vez que, conforme sublinharam, representa um “grave e elevado risco de perturbação atual para a Saúde Mental na Madeira”.
Em conferência de imprensa convocada pelas três instituições, foi reafirmada a preocupação com a “incerteza muito grande” e a dificuldade de investimento da saúde mental na Região, sendo que serviu esta iniciativa para fazer “pressão pública” para acabar com esta situação “insustentável”, conforme sublinhou Ricardo Gomes, diretor da Casa de Saúde Câmara Pestana.
“É uma questão de responsabilidade, de respeito e de humanidade”, aditou Eduardo Lemos, diretor da Casa de Saúde de São João de Deus, que pede uma atitude responsável da parte do governo, mas também oposição.
“Com a não aprovação do orçamento, não teremos possibilidade de continuar o plano de tratamento”, apontou o responsável, mais alertando que a não ser reforçado o apoio dado, poderão ser interrompidos e adiados vários tratamentos cruciais, mormente os necessários para os doentes agudos, que “não podem ser deixados para amanhã”.
Aumento das diárias suspenso
A este nível, o responsável pela CSSJD acrescenta inclusivamente que estas casas de saúde, que estão a funcionar em déficit, poderão passar a ter de dizer não aos utentes com necessidade de internamento, em especial os que são involuntários/compulsivos.
Estas instituições mais recordaram que o orçamento que deveria ter avançado após as eleições de setembro já previa um aumento das diárias para 60 euros para os doentes menos complexos e de presumivelmente para 90 euros para os doentes mais agudos, embora quanto a estes últimos não tivesse ainda a confirmação do montante por parte da tutela.
Tendo caído o governo, esta majoração prevista para janeiro não avançou, estando uma vez mais em risco, colocando também em causa os projetos previstos no âmbito do PRR, tais como uma unidade para os doentes complexos e cinco equipas comunitárias.
À comunicação social, Eduardo Lemos garantiu que não foi exercida qualquer pressão da parte da tutela para a convocação desta conferência de imprensa, mas somente a imperiosa necessidade de apelar à responsabilidade social. Mais reconheceu que, nos últimos anos, a resposta dada à saúde mental por parte do governo tem sido fraca, mas adita que a estas instituições já tinham sido reiterado o compromisso por parte do governo regional para a equiparação dos valores praticados na Região (atualmente de 52,18€) aos verificados em território nacional.