O secretário-geral do JPP, Élvio Sousa, disse hoje que o voto contra o Programa do Governo, aprovado por unanimidade pelos órgãos do partido, “não é o fim do mundo” nem implica que a Madeira volte a ter eleições antecipadas. O voto contra “não significa uma catástrofe”, sintetizou.
Numa declaração esta noite na sede do grupo parlamentar, Élvio Sousa considerou a proposta do Programa do Governo “uma armadilha para enganar muitos madeirenses e manter tudo igual”, pois é um “documento cheio de generalidades”.
“Nós sabemos que os madeirenses não desejam eleições outra vez, mas, na verdade, depois de termos lido e relido o Programa de Governo – que não deixa de ser uma armadilha para enganar muitos madeirenses e manter tudo igual – o nosso voto será contra, por decisão unânime dos nossos militantes. Não temos medo de dar o corpo às balas”, enfatizou.
O secretário-geral disse também que o quadro de estabilidade que o representante da República encontrou na ronda que fez aos partidos e que o levou a considerar haver condições para haver um governo estável liderado por Miguel Albuquerque não envolvia o JPP.
Declarou que Miguel Albuquerque e José Manuel Rodrigues se “recusaram” a aprovar o orçamento em fevereiro deste ano e que, após as eleições regionais, o presidente do PSD/M levou “ao representante da República o que disse ser uma solução estável de governo, com o apoio da IL e do Chega – que poderá, porventura, ter mentido”.
“Devem perguntar a esses partidos, Chega e IL, o que foi que aconteceu, entretanto, a esse famigerado e garantido apoio”, atirou.
“O JPP desafia Albuquerque, Rodrigues e Irineu Barreto a terem um rebate de consciência e sentido institucional pela verdade, perante os madeirenses e porto-santenses, e virem a público mostrar ‘provas’ da apregoada garantia de estabilidade, que afinal parece não existir. Ao não aprovarem o Orçamento para 2024, puseram em causa o futuro, as famílias, as pessoas, as instituições sociais e as empresas”, observou.
Não se sentindo comprometido com solução que será discutida para a semana, Élvio Sousa criticou as propostas vertidas no Programa do Governo.
“É um documento cheio de generalidades sem concretizar formas objetivas de cumprir com o que é afirmado”, disse, referindo que “a 26 de maio 61% dos votantes madeirenses disseram que não querem Albuquerque a aumentar as famílias que figuram na lista de pobres ou em risco de pobreza, a fazer crescer a lista de espera na saúde, não o querem a gastar 21 milhões em tachos, ou 130 mil euros numa só viagem”.
Para Élvio Sousa, este Programa, em muitos casos, “apaga” compromissos anteriores do PSD, “como o regime de incompatibilidades e impedimentos, a acumulação de ordenados com as reformas, e, noutros casos, mantém “o monopólio dos portos que são 18% mais caros do que nos Açores”.
“Quer agora um Gabinete de Combate à corrupção, mas vai entregá-lo à Inspeção Regional das Finanças, uma entidade que é um ‘braço armado’ político do PSD”, atacou.
Outro caso que cita é o ferry. “Já antes o PSD tinha prometido o ferry de ligação entre a Madeira e o continente. Não cumpriu a palavra. Agora quer novamente o ferry mas, desta vez, a proposta é a Região pagar um novo barco para depois entregá-lo aos donos disto tudo.”
Não obstante, garante que “toda a crise tem solução”, pois “só não há solução para a morte”, e denuncia a existência de um “clima de medo”.
“Não acreditem. Não haverá despedimentos nas empresas de construção civil, pois as obras continuam com os duodécimos. Não haverá congelamento das carreiras da função pública. As empresas, os clubes, as associações, os agricultores, os pescadores, toda a classe trabalhadora, todo o tecido empresarial e social não vai ficar sem apoios e sem governo”, finalizou.