Entre vários pretextos para o fracasso ou sumiço de uma maioria parlamentar, um pode ser atribuído à postura ou caráter elitista patenteada por muitos dos elementos do partido governamental e seus líderes que, de forma continuada, desconsideraram o povo sul-africano, que como é do conhecimento geral é um povo muito sofrido.
Ao longo da legislatura cessante foi notório o caráter elitista adotado pelos líderes do ANC, mesmo por aqueles a nível popular.
Constatou-se sem qualquer dificuldade que a liderança se manteve indiferente às precárias condições de vida da maioria da população, a aferir pelos momentos críticos surgidos durante a campanha eleitoral.
Fazer campanha eleitoral, apresentar manifestos não é certamente apelativo aos destinatários dessa campanha quando se aparece a conduzir veículos de topo de gama ou luxuosos no valor de 3 milhões de randes, vestindo roupas de marca caríssimas, políticos que vivem em mansões, tendo filhos a frequentar os colégios ou escolas para os mais ricos e com os melhores cuidados médicos.
Uma campanha feita perante pessoas que vivem em extrema pobreza, que querem trabalhar e não encontram emprego, que lutam desesperadamente por saber onde e quando poderão adquirir a sua próxima refeição e que enfrentam instalações médicas muito precárias e estão impossibilitados de adquirir géneros alimentícios e que as suas crianças vão para a escola descalças porque não têm dinheiro para comprar calçado e até produtos de higiene pessoal e também com o estômago vazio.
As tendências negativas surgidas durante a legislatura que agora cessou funções, deixou um sabor amargo, agravado pela prepotência de alguns funcionários públicos, quando estes deveriam desempenhar um papel importante, mas não o de levar o povo à perda de confiança.
Basta olhar como as pessoas são tratadas nas esquadras de polícia, hospitais, clínicas, departamento da Administração Interna onde é fértil a corrupção e muito também nas instituições municipais que tratam o povo com um desdém revoltante.
Toda esta arrogância, malcriadez, prepotência e falta de interesse pelo bem comum dos cidadãos, com certeza espoletou os piores resultados de sempre do ANC e muito por aqueles que estão no poder não terem conseguido responsabilizar aqueles que estão no serviço público.
É lamentável notar o estado das ruas e estradas, instalações médicas a ruir, a infraestrutura rodoviária degradada, as taxas de desemprego em níveis inaceitáveis, uma criminalidade imparável, cortes de energia elétrica, corrupção, nepotismo, destruição do sistema de transportes ferroviários , o desaparecimento quase total da frota de aviões da companhia de bandeira, um número de homicídios não admissível e um sem número de serviços essenciais agora disfuncionais foram certamente a garantia do presente insucesso eleitoral do ANC, o partido do grande estadista que foi Nelson Mandela.