A Rússia denunciou hoje a “eliminação de adversários políticos” nos Estados Unidos, depois de Donald Trump ter sido considerado culpado num julgamento em Nova Iorque, cinco meses antes das eleições presidenciais.
“A eliminação de adversários políticos está em curso por todos os meios legais e ilegais possíveis, isso é óbvio”, disse o porta-voz do Kremlin (presidência russa), Dmitri Peskov, citado pela agência francesa AFP.
Peskov recusou-se, no entanto, a comentar a decisão do tribunal de Nova Iorque.
“Não gostamos muito que as pessoas digam algo do exterior sobre as decisões dos nossos tribunais”, justificou.
Nos últimos anos, a maior parte dos opositores políticos russos foram enviados para a prisão, forçados ao exílio ou encontrados mortos.
Foi o que aconteceu com o crítico número um do Kremlin, Alexei Navalny, que morreu em fevereiro numa prisão no Ártico russo.
O ex-presidente norte-americano Donald Trump (2017-2021) foi considerado culpado na quinta-feira de ter falsificado documentos para encobrir um escândalo sexual na campanha presidencial de 2016.
Trump, que deverá ser o candidato dos republicanos em novembro contra o democrata e atual Presidente, Joe Biden, negou todas as acusações.
É a primeira vez que um antigo presidente dos Estados Unidos é considerado culpado por um delito penal.
A sentença será proferida em 11 de julho por um juiz do tribunal de Manhattan, quatro dias antes da convenção do Partido Republicano que deverá apresentar Trump como candidato contra Biden.
Um dos seus advogados, Todd Blanche, já anunciou que Trump irá “recorrer o mais rapidamente possível”.
A prisão é teoricamente possível, sendo a falsificação de documentos contabilísticos punível com pena de até quatro anos de cadeia, no estado de Nova Iorque.
Na ausência de antecedentes criminais do arguido de quase 78 anos, o juiz pode aliviar a sentença, com uma pena suspensa com liberdade condicional ou serviço comunitário, bem como uma multa.
Donald Trump já manifestou no passado a admiração pelo Presidente da Rússia, Vladimir Putin.
Em campanha há vários meses, continua a criticar a NATO, que apoia Kiev contra o exército russo desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022.
Trump tem afirmado repetidamente que, se for eleito, será capaz de pôr fim ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia.
Os dirigentes ucranianos têm admitido temer uma mudança radical na ajuda militar e financeira dos Estados Unidos, caso Trump seja eleito.