O Presidente norte-americano, Donald Trump, admitiu hoje estar confiante de que o líder russo, Vladimir Putin, “manterá a sua palavra” se for alcançado um acordo de paz que ponha fim à invasão da Ucrânia por Moscovo.
“Acho que ele manterá a sua palavra”, disse Trump, durante uma conversa com repórteres no início da sua reunião com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, em Washington.
Trump afirmou que as negociações para acabar com a guerra na Ucrânia estão “muito avançadas” e expressou confiança de que Vladimir Putin não pressionará para reiniciar a guerra se uma trégua for alcançada.
“Falei com ele, conheço-o há muito tempo, tivemos que passar pela ‘russian hoax’ (farsa russa) juntos”, acrescentou.
A menção da “farsa russa” é uma referência à investigação do FBI e do conselho especial do Departamento de Justiça que examinou se a campanha presidencial de Trump em 2016 se coordenou ilegalmente com a Rússia para influenciar o resultado das eleições norte-americanas.
O procurador especial Robert Mueller concluiu que, embora a campanha de Trump tenha recebido a ajuda da Rússia na forma da divulgação de e-mails ‘hackeados’ e roubados de democratas, não havia evidências suficientes para provar que a campanha havia conspirado com Moscovo.
Ao lado de Starmer, Trump foi também questionado sobre as polémicas acusações que fez recentemente sobre o seu homólogo ucraniano, em que chamou Volodymyr Zelensky de “ditador”.
“Eu disse isso? Não acredito que disse isso. Próxima pergunta”, respondeu o chefe de Estado no Salão Oval da Casa Branca, na véspera de receber Zelensky.
As relações entre Washington e Kiev estão num momento particularmente tenso depois de Trump ter surpreendido a Europa e a Ucrânia ao anunciar, em 12 de fevereiro, que havia falado por telefone com Putin e chegado a um acordo com Moscovo para iniciar “negociações imediatas” com o objetivo de encerrar a guerra.
O primeiro encontro entre delegações dos Estados Unidos e da Rússia ocorreu em 18 de fevereiro na Arábia Saudita, conversações essas com o intuito levar a uma reunião presencial entre Trump e Putin.
No entanto, nem Kiev, nem os países europeus participaram no encontro, o que causou agitação na Europa.
Zelensky protestou contra a exclusão de Kiev das negociações e, na semana passada, intensificou o seu confronto com Trump, acusando-o de viver numa bolha de “desinformação” alimentada pela Rússia, enquanto o Presidente norte-americano respondeu chamando o líder ucraniano de “ditador”.
Trump receberá Zelensky na Casa Branca na sexta-feira, quando espera assinar um acordo que concederia aos Estados Unidos acesso privilegiado aos recursos naturais da Ucrânia, incluindo terras raras, um setor fundamental para o desenvolvimento tecnológico e atualmente dominado pela China.
O acordo, que Trump está a apresentar como compensação por milhares de milhões de dólares em ajuda militar já enviada à Ucrânia, não inclui garantias de segurança específicas de Washington no caso de um novo ataque russo, disseram autoridades norte-americanas a jornalistas antes da reunião.
A questão das garantias de segurança para a Ucrânia será um dos principais tópicos de discussão no encontro de hoje entre Trump e Starmer, segundo as mesmas fontes.
A viagem de Starmer, que acontece poucos dias após a visita a Washington do Presidente francês, Emmanuel Macron, reflete a crescente preocupação sentida por grande parte da Europa de que a pressão agressiva de Trump para encontrar um fim para a guerra sinalize uma disposição para ceder demais a Putin.